César Santos - Deixa beber

Jornalista César Santos, diretor do jornal De Fato

A cervejinha e a branquinha não são as patrocinadoras da violência nos espetáculos de qualquer natureza, muito menos nos estádios de futebol. As brigas, que vez por outra acabam em morte, têm outras origens no bicho humano. Não vai daqui a defesa incondicional ao consumo de bebida alcoólica, seja nas arenas esportivas ou nos grandes shows públicos e privados. O exagero da dose pode aflorar outros sentimentos, inclusive o da violência. Independentemente qual seja o território. Alega-se que nos estádios o clima de rivalidade “esquenta” os ânimos e, se alcoolizados, os torcedores se sentem motivados à briga. Não é bem assim. A violência tem outras razões. Veja o caso das chamadas torcidas organizadas, que brigam com mês, dia, hora e local marcados, sem a necessidade da bebida ou de qualquer outro estimulante. Eles se enfrentam por outros interesses, quase sempre – ou sempre – marginais. Observe que os confrontos ocorrem do lado de fora dos estádios. Portanto, o futebol pouco tem ligação com essa porção violenta. De certo, as cores dos times de “coração” são apenas usadas para camuflar outras verdades. Desnecessária, então, a proibição da geladinha ou da branquinha nos estádios da Copa do Mundo de 2014. Os contrários alegam que a proibição está prevista em lei, puxando da sacola o Estatuto do Torcedor, o qual a Fifa estaria desrespeitando. Mas esse documento é ignorado desde o primeiro momento, cujas regras, em boa parte, nunca foram devidamente aplicadas. E não são respeitadas porque 95% dos clubes brasileiros são pobres, desestruturados e sem as mínimas condições de seguir o que está escrito no estatuto. No mais, a certeza de que nas arenas da Copa 2014 os torcedores daqui e de fora terão a opção de consumo, a despeito de o Congresso aprovar a Lei Geral da Copa sem permitir a venda de bebida alcoólica. O Governo, com o jeitinho brasileiro, vai liberar geral.

Fonte:  Coluna César Santos - www.defato.com.br