Thaisa Galvão e o caso Mução


O radialista-humorista Mução está solto.
Sua prisão durou pouco menos de 48 horas, o suficiente para apresentar e ver acatada sua inocência.
O irmão Bruno apareceu, prestou depoimento, confessou que o material pornográfico envolvendo crianças encontrado nos computadores de Mução eram de responsabilidade dele, que usava os equipamentos, e mais: dispunha da senha do irmão famoso para participar do que foi denominado rede internacional de pedofilia, e que rendeu a prisão, pela Polícia Federal, de 32 pessoas sendo 9 em São Paulo, 5 no Rio Grande do Sul, 5 em Minas Gerais, 5 no Rio de Janeiro, 3 no Paraná, 2 no Maranhão, uma no Espírito Santo, uma no Ceará e uma na Bahia.
O caso de Mução merece reflexão.
Quantas e quantas vezes a condenação chega antes do julgamento…
E isso vale para qualquer assunto.
O caso da Escola Base, em São Paulo, parece ter sido esquecido, e não serviu de exemplo, pelo menos para os mais jovens.
Relembrando: A escola particular foi fechada em 1994 sob acusação contra o casal proprietário de ter praticado abuso sexual contra uma aluna. Depois da cobertura parcial e condenatória da imprensa, e de atitudes precipitadas do delegado que acompanhava o caso, supostamente causadas pelo efeito midiático das manchetes de jornais…a inocência do casal foi provada.
Mas aí eles já estavam condenados pela sociedade e a escola nunca mais foi aberta. Vidas acabadas…
A prisão de Mução, como a prisão de A, B, C em quaisquer casos, merece o destaque da imprensa, sim.
Mas a notícia.
Noticiar o fato é dever do jornalismo, faz parte do dia-a-dia da imprensa, da transparência.
Mas a notícia, sem o caso julgado, não necessita da dose cavalar de opinião própria. A indignação pessoal muitas vezes precisa ser contida. O riso no canto da boca muitas vezes não pode sair do canto da boca para as páginas, para as telas de computador.
Paciência é preciso. Sem, claro, abandonar a responsabilidade de noticiar.
Escola Base, Mução, e muitos outros casos.
O que existe hoje, e que se ensina aos novos que surgem no jornalismo, é que quanto mais rápido você mostrar sua indignação, melhor posicionado você fica no ranking dos maiores e melhores da imprensa do planeta.
Não. Vale o quanto mais rápido você apurar e noticiar. A indignação vale, claro, mas sem o julgamento antecipado.
Este, na hora certa, cabe à justiça.

DirtyNet – internet

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