Artigo - Vicente Serejo

A equação Natal

Mais uma vez os números de uma pesquisa mostram, numa equação exata, que Natal não é um território inexpugnável para quem deseja, de fato, conquistá-la: o prefeito Carlos Eduardo Alves tem a mesma carga de aprovação popular – mais de 70% – que desaba como avalanche sobre os ombros da governadora Rosalba Ciarlini. O primeiro, provando que menos de um ano depois de eleito sustentou o voto de confiança dos natalenses; a segunda, sofrendo perda de substância ao longo dos seus três anos.

Enquanto o Governo Rosalba Ciarlini esgrimiu, intolerante e autoritariamente, desde o primeiro dia de governo, desfazendo de forma perdulária o que ela mesma construíra com uma retórica perfeita  e alianças corretas, o prefeito Carlos Eduardo soube manter até hoje numa curva sempre ascendente. Prova-se, pois, que a dívida de R$ 400 milhões herdada do passado é, proporcionalmente, tão elevada quando os R$ 830 milhões recebidos por Rosalba, ambas submetidas à eficiência ou não do seu gestor.

Bastaria esse detalhe para desmontar a fantasmagoria delirante que se montou em algumas das cabeças governistas de que o governo é vítima de pesquisas corrompidas por dinheiro misteriosamente oriundo de tramas e complôs. O governo paga o preço de eleger, ele mesmo, premissas falsas na busca de impor ao raciocínio político o exercício de silogismos sem qualquer sustentação lógica. Ou melhor, e em letras claras e sem máscaras: governa há três anos como se enfrentasse Lampião todos os dias.

Aliás, acho que em fevereiro do primeiro ano de gestão, e diante de uma dezena de confrontos com as categorias sindicalizadas, esta coluna avisou num título assim: ‘O Lampião agora é outro’. Não era apenas um jogo metafórico. Alertava para o grave risco de seus estrategistas imaginarem que ainda estavam lutando com um inimigo contra o qual poderiam atirar e abater com os mesmos heroicos fuzis do Coronel Rodolfo Fernandes quando, do alto das platibandas, afugentou os cangaceiros de Lampião.

Dizia, se a memória não trai a consciência, que a opinião pública é uma entidade invisível, mas ao mesmo tempo forte e sensível. E que é por camadas, num processo lento e constante, que se opera a impregnação.

E se por acaso a prática consagrar os juízos de valor, positivos ou negativos, pode ser uma crosta tão espessa e com tal resistência que se torna quase impossível remover. A queda livre é o vôo no abismo e às vezes exige anos e anos para a queda parar e reverter a um movimento de subida.

Quantos não pagam até hoje, inclusive o deputado Henrique Alves, com a rejeição persistente e quase crônica? E quantos, ao contrário, como a ex-governadora Wilma de Faria que resiste a todos os impactos, guarnecida por uma camada protetora? Quem duvida das correntes de opinião pública – elas no começo são fracas e imperceptíveis e só depois se tornam visíveis e caudalosas – acaba pagando um preço elevado. A opinião pública é um tribunal de rito sumário e implacável. E ai de quem desafiá-la.

Fonte: http://jornaldehoje.com.br/author/vicente-serejo/

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