Enetrevista: Henrique Alves

Presidente da Câmara dos Deputados afirma que a intenção é reafirmar a independência do Poder Legislativo
Henrique Alves
O deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente do PMDB-RN e da Câmara Federal, concedeu entrevista ao jornal Tribuna do Norte, deste domingo, 29. Sobre o governo Rosalba e as eleições de 2014, no Rio Grande do Norte, ele comentou: 

O ano de 2014 pode ser difícil para o Estado, com a governadora enfrentando um processo de cassação, um período eleitoral, a folha de pessoal fracionada... Como o PMBD vai se situar?
Eu tenho autoridade para falar sobre isso. Apoiei à época a candidatura do governador Iberê para reeleição e o governador Garibaldi Alves, com suas razões, decidiu a apoiar a governadora Rosalba . Ele devia estar certo porque ela venceu. Como sou um democrata por excelência, eu perdi a eleição e ele ganhou, o partido não poderia ficar dividido. Eu me reintegrei à posição do ministro Garibaldi junto ao apoio político e administrativo ao governo Rosalba. Mas,  liderado pelo ministro Garibaldi nós saímos do governo, em outubro. Ainda esperou-se um tempo para ver se conseguia um governo menos isolado, mais democrático. Mas não ocorreu. E não será só difícil em 2014. Será consequência de 2013. Tivemos uma seca brutal, dizimou a economia rural. Precisamos de uma gestão mais ágil, mais ativa, mais participativa, com experiência de liderança. E lamento que o governo tenha figurado em último lugar na avaliação de gestão governamental, no Ibope. Imagina o reflexo que isso gera na insegurança de quem mora e de quem investe, ou pretenda investir aqui no Estado. Além disso, consumado com  o processo [na Justiça Eleitoral] envolvendo diretamente a governadora Rosalba Ciarlini em dois aspectos:  inelegibilidade e cassação do poder, que neste caso foi uma medida absurda e incompreensível. Tudo isso tem repercussão política,  gera uma insegurança.

E há outras dificuldades administrativas...
Há essa dificuldade no pagamento de pessoal que depois de muitos anos volta a acontecer. O que demonstra um desacerto na gestão. E aqui eu faço uma ressalva à pessoa da governadora Rosalba que é honesta, determinada, mas que não conseguiu passar isso para o governo. Assim, causou um afastamento gradual, com o PMDB e PR e acredito que outros ainda possam se afastar num prazo curto de tempo.

O senhor será candidato a governador?
Não. Hoje em dia, minha visão é muito realista. Você não consegue no emaranhado de situações passadas, que estão cristalizadas, quebrar essas barreiras sem a efetiva parceria com o Governo Federal. O modelo federativo que está totalmente vencido, injusto com Estados e Municípios, precisa mudar. Enquanto isso não acontece, a realidade impõe uma relação muito participativa com o Governo Federal. Foi assim na Bahia, com Antônio Carlos Magalhães e Sarney presidente. Foi assim, no Ceará com Tarso Jereissati e o presidente Fernando Henrique Cardoso. E em Pernambuco, com uma parceria entre Eduardo Campos com o então presidente Lula. É preciso essa interação. É preciso um bom quadro no governo do Estado, capaz de ter a habilidade política, a visão social e buscar uma parceria respeitosa no Governo Federal. O meu projeto é me reeleger deputado federal, se assim os potiguares entenderem, e poder fazer essa parceria entre o governo estadual e  federal, pelo convencimento.

Mas no governo não teria mais respaldo para manter esse elo?
Isso não pode ser uma coisa pontual. É preciso uma gestão permanente. Não é um governador que cuide em 48 horas. Ele dá o primeiro passo, mas é preciso alguém lá de forma integral. Do contrário, as coisas demoram muito, por falta de um relacionamento mais produtivo. Por isso, considero importante um governador aqui e alguém fazendo esta intermediação lá. E eu acho que esse papel pode me caber pela experiência acumulada. Para cá, vejo alguns nomes como o do ex-senador Fernando Bezerra que foi um líder, inclusive do governo Lula, muito conhecido, e eu tenho conversado sobre este nome. Eu o respeito como pessoa, como senador, como ministro e acredito que esse seja um nome que o partido possa levar para a convenção, o nome que será  discutido em encontros regionais a partir de março com toda a sociedade,  para candidatura do PMDB ao governo do Estado. Mas antes da questão do nome é importante que possamos levar vertentes de projetos, as propostas que o interlocutor do PMDB poderá apresentar por consenso.

E ele está motivado?
Esse é outro lado, só se ele estiver muito motivado. Vai enfrentar uma situação estadual muito difícil, como foi com Aécio Neves  que passou os dois primeiros anos de muito desgaste político, de paciência, de medidas concretas, planejadas, que  reagiram e tiveram bons resultados. Para isso, é preciso um governador de muita firmeza, muita sobriedade, autoridade para conduzir essas decisões com habilidade. Não é chegar e humilhar outro Poder, dizendo que não vai dar o que ele merece. Tem que negociar com habilidade, mas deverá abrir novos caminhos e precisará de paciência e compreensão, inclusive da classe política. Precisamos de um time de altíssima qualidade, altíssima competência na administração do Rio Grande do Norte.

Com quais partidos que o PMDB pretende fazer alianças para as eleições de 2014?
Será necessário muita paciência, sabedoria, experiência e humildade. Há uma aliança natural com o PT. Até porque somos aliados em âmbito nacional, porque não é só o governo da Dilma Rousseff, mas também do Michel Temer [vice-presidente da República], ou seja, é do PT e do PMDB. E assim como há PMDBs e PMDBs, também há PTs e PTs. No Rio Grande do Norte, a deputada Fátima [Bezerra] já passou por constrangimento, registrada em toda a imprensa, no processo eleitoral interno que culminou com o próprio PT tentando restabelecer a unidade. Há segmentos do PT aqui no Estado que, de maneira equivocada, radicalizam o processo e fazem julgamentos. Outro dado é que queremos a eleição da presidenta Dilma Roussef, que tanto olhou pelo nosso Estado. Mas o PMDB quer, de forma democrática e pelo convencimento, ter um candidato ao governo do Estado. E uma coisa não poderá anular a outra.

Então não haverá restrições que impeçam o diálogo previamente? 
Eu dou um exemplo, o ex-presidente Lula, para eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo foi buscar o apoio de Paulo Maluf [deputado pelo PR] que era a antítese do PT. Mas ele entendeu pela estratégia nacional que era importante conquistar o apoio do Maluf. E não foi só para formar uma aliança com o PR. Ele foi pedir o apoio de Maluf, esteve na casa dele para pedir esse apoio. O povo de São Paulo entendeu e elegeu o candidato do PT que teve o apoio de Maluf naquela eleição. Então não vamos estabelecer vetos aqui. Queremos construir uma aliança que tenha estratégia, projetos claros, programas administrativos transparentes e bem definidos.

Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/henrique-alves-camara-deve-votar-proposta-de-reforma-politica-em-abril/270497


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